Carlos Lotto
artista educador e produtor cultural
abril 2015
A cidade pela qual me enamoro é aquela que transcende a metrópole vazia de ética. É aquela para a qual quero ser visível, audível, tangível, por amá-la e ser por ela amado. Se enamorar da agitação do mundo para aquietar o alvoroço interior. Desapegar-se de si para encontrar um espaço comum: meu, teu, do outro, de todos. Amar a cidade é amar um ideal de totalidade, como um legítimo cavaleiro Quixote, como um poeta grego, com valores de superação, atemporais, como obra de arte, inspirado pelo sentido de pertencimento. A cidade sou eu!
Amo a cidade, amo a nação, amo a humanidade. Do aventureiro,
eternamente sobrevivente e forasteiro, resgato a habilidade de fundir-me: a
todas as gentes “não gentes”, aos vira-latas, aos incrédulos, decadentes, ruas,
praças, becos, guetos.
Foto do painel de 3m executado pelos integrantes da oficina Letras do Mundo. |
Lançar o amor que acorda a memória do amor aos ensimesmados
e tristes, e assim buscar a Dulcinéia, o olho d’água, a negra do doce, com a
coragem que liberta toda a humanidade esquecida e descuidada.
Acordar a cidade amorosa: a que insere o homem além da sua
própria história; o espaço que protege a reflexão e o debate, e me faz novo
para inventar novos hábitos comprometidos com o mundo humano, longe da
barbárie.
Sem a cidade sou ninguém; sem espaço de participação sou
ninguém; sem perspectivas sou ninguém. Sem a cidade me desmantelo, enfraqueço,
desisto.
* Texto escrito para a exposição de abril/2015 do Projeto
Quixotes, da Funsai- Ipiranga, coordenado pela atriz de Santo André, Andreia de
Almeida, onde trabalhamos os heróis da cidade, através da arte. Inspirado nos
adolescentes e nos artigos de Hanna Arendt sobre a crise da educação, a
banalidade do mal e seu livro Homens em Tempos Sombrios, considero uma
homenagem ao aniversario de Santo André.
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