Uma conversa com Renata Moré, Esdras Domingos, diretores
fundadores, Marcos Nascimento e Rebeca Konopkinas, colaboradores, da Cia. do
Nó, com sede em Santo André, deu prosseguimento ao ciclo Cultura sem Carimbo,
promovido pelo Fórum Permanente de Debates Culturais do Grande ABC.O Ciclo foi criado com a finalidade de ouvir, debater e
divulgar coletivos, iniciativas e acontecimentos culturais que estão ocorrendo
na região, de forma autônoma, sem vínculos ou patrocínios oficiais ou privados.
A Cia. do Nó nasceu como uma companhia de teatro e hoje é um
espaço cultural que se mantém através de um tripé composto pela Pesquisa
Teatral, Escola de Teatro e Difusão Cultural, abrigando e abrindo espaço para
outras manifestações artísticas.
Segundo Esdras do Nascimento, um dos fundadores, ao lado de
Renata Moré, o grande desafio hoje é o salto qualitativo no sentido de
compreender "quem somos, onde estamos e criar cada vez mais vínculos que
nos liguem à comunidade e compreender o nosso papel na cidade".
O Espaço hoje existe, no dizer de Renata, graças a uma rede
de pessoas que, "à maneira de Formas de Ser no Século XIX",
"colam umas às outras", fazendo circular outras pessoas e passam a
circular em rede. E quem leva hoje a Cia. do Nó é esse coletivo, de maneira
colaborativa. Descobriu-se que o antigo e bom "boca-a-boca" hoje
funciona de forma eficiente, por fazer o "filtro" que, em meio a
tanta informação, confere credibilidade e cria vínculos com o projeto. Conforme
Marcos Nascimento, a Cia. do Nó não é uma mera escola de teatro, ainda que
cumpra e bem esse papel, mas estar ali é participar de um projeto cultural para
o ABC. Diferentemente, por exemplo, da tradicional Escola
Livre de Teatro, onde o aluno vai com a expectativa única de se tornar ator, a
Cia. do Nó cria uma potência nova, esse aluno não vai ali só para ser aluno,
mas para ser da cidade e na cidade. A porta sempre aberta do Nó (que é como os
íntimos se referem à Cia. do Nó) "acolhe". Ali você entra, conversa,
toma café, dorme, pesquisa, atua."
Conforme Esdras, para podermos ficar assim
"abertos" foi preciso um longo processo no qual "ficamos muito
fechados", focados no trabalho de pesquisa e atuação. Hoje, o desafio é o
da participação política. Precisamos movimentar a cidade, passar pela
sociedade, não só aprender a fazer teatro, mas também porque se faz teatro,
aprender a ter clareza do seu papel e do seu caminho. Caso contrário,
afundamos. Se não for assim, seremos como as demais companhias que utilizam a
lei de fomento e quebra quando o mesmo cessa.
O Tema deste ano que norteia a Cia. do Nó é: O Mundo volta
os olhos para o Brasil". Dentre as inovações, o "Encontrão",
evento períódico, que inclui Saraus, Festa Junina, Leituras, dentre outras
atividades.
Em tempo, Renata esclarece: "O Nó é uma OSCIP, mas
nunca recebemos recursos governamentais. Utilizamos mais a OSCIP e sua
documentação para que o Nó pudesse ser contratado por outras organizações.
Tentamos por um tempo estudar como essa captação de recursos poderia ser feita,
mas nunca nos aprofundamos nisso, pois na época, ainda havia pouco conhecimento
sobre a forma de atuação das OSCIP´s. Nesse momento, estamos reorganizando
essas questões e talvez faremos outras tentativas de captação."
Fiquemos atentos a esse pessoal, altamente especializado em
guerrilha cultural qualificada e de longo prazo. Dalila Teles Veras
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