Neusa Borges
A Copa do Mundo da Fifa 2014
acaba de acontecer no nosso País tropical abençoado por Deus. O pré-Copa,
no entanto, foi bastante tumultuado, com o povo nas ruas protestando
(legitimamente!!!) contra os gastos excessivos para a construção de estádios; tivemos
inúmeras greves, ações violentas envolvendo Black blocs e policiais; era
visível a indiferença nas ruas, pois víamos poucas casas e carros enfeitados
com bandeiras brasileiras. Chegamos a pensar: não vai ter Copa.
Bastou a bola rolar para tudo mudar. Inúmeras fachadas de
casas e prédios foram enfeitadas com bandeiras do Brasil; nos estádios
superfaturados, brasileiros foram às lágrimas com o hino cantado a capela, e os
comerciantes da Rua 25 de Março ficaram felizes da vida com as vendas de
enfeites.
Não há dúvida que tivemos a “Copa das Copas”. Vimos ato de
“canibalismo”, com o atacante uruguaio Luis Suáres mordendo o ombro do
adversário, joelhaço do colombiano Zúninga na coluna vertebral do jogador
Neymar e, estarrecidos, assistimos ao vexame histórico no Mineirão, quando
Klose e Muller cravaram 7 a 1 na Seleção anfitriã. Mas, também tivemos milhares
de turistas estrangeiros – somente em São Paulo, foram cerca de 500 mil -
simplesmente maravilhados com as nossas belezas naturais e a hospitalidade do
povo brasileiro. Foram tantos argentinos que vieram ao Brasil, que foi preciso disponibilizar
sambódromo e autódromo para os que chegaram em traillers, ônibus e vans.
Com o término do Mundial, é chegada a hora de falar sobre o
legado que ele deixou. Ah, agora só vale
falar de faturamento, não se comenta sobre os gastos, bem como das nove vidas
perdidas nas construções dos estádios.
Dias atrás, Fernando Haddad e Dilma Rousseff expuseram os
lucros obtidos, omitindo, obviamente, os custos, que foram exorbitantes.
Segundo divulgação do Ministério do Esporte, em setembro de 2013, o custo total
dos estádios ficou em R$ 8,0005 bilhões.
Mas, e a questão cultural na Copa? A jornalista Paula
Cesarino Costa, em seu artigo A falha cultural da Copa (Folha de São
Paulo – 17/7/2014), comenta: “além das Fan Fests ou festas pagas em clubes e
casas de show. sendo que a maior parte dessa oferta cultural vinha de
patrocinadores de algum modo envolvidos com a Copa, nada mais foi oferecido aos
estrangeiros que aqui aportaram”.
Vale acrescentar que, nos palcos das Fan Fests organizados
pela dona Fifa, subiram artistas cujos repertórios são aqueles consagrados pela
indústria cultural.
Num esforço conjunto, Minc e secretarias de cultura das
cidades-sede poderiam ter organizado programações culturais que de fato
revelassem todo o nosso potencial criativo e a riqueza da nossa cultura.
Um jornalista brasileiro que cobria os festejos com a chegada
da Seleção Alemã em seu País, logo após a conquista do penta, ouviu de um
jogador alemão que ele gostou muito da música Lepo Lepo, do Psirico.
Yes, nós temos Lepo Lepo. Mas, também boa música, grandes
poetas e artistas plásticos. Temos maracatu, catira, ciranda, congada,
capoeira... E fazemos samba do bom. Ah, e quem não gosta, dizem que é ruim da
cabeça ou doente do pé.
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