sexta-feira, 16 de março de 2012

Viva a vida

 Simone Massenzi Savordelli


     Ouvir o querido Possidonio contar sobre a sua trajetória de vida e de merecidas conquistas (palestra de Antonio Possidonio Sampaio, durante homenagem recebida pelos seus 80 anos na Livraria Alpharrabio), me fez ficar alerta para a grandiosidade que é a vida. Principalmente a vida das pessoas que tiveram o privilégio de nascer entre as décadas de 1920 e 1930.


     Estas pessoas não só prepararam o futuro com muitas dificuldades, criatividade, determinação, sabedoria e coragem, como viram e viveram uma história e um contexto social que nós (que viemos depois) nunca viveremos igual.
     Observo quão grande é a vida dessas pessoas. Elas viveram do nada ao tudo. Viram tudo: a guerra, ou as guerras; o militarismo, a ditadura, a democracia, o impeachment, o sindicalismo, o desenvolvimento industrial; a natureza na sua mais pura forma, as cidades em construção, a modificação da arquitetura em concreto, o aquecimento global; o cinema preto e branco mudo, o cinema 4 D; os primórdios da novela de rádio, a televisão em alta definição; os mais rudimentares brinquedos, brinquedos virtuais e uma gigantesca revolução tecnológica e de meios de comunicação; os pés descalços, os veículos sonhos de consumo pela velocidade; as poucas roupas, a mudança de hábitos e costumes nas suas mais variadas formas; a família religiosa tradicional e severa, novos núcleos familiares; a ida e vinda de pessoas; perdas e ganhos; dias e noites; conquistas e tragédias.
     Viram e viveram tantos extremos e conseguem sintetizar a suas vidas de maneira tão simples, tão agradável, tão acessível.
     O mais incrível é que estas pessoas nos provam o quanto são capazes de se adaptarem às rápidas e profundas transformações sociais. Estas pessoas mantém uma característica que as tornam verdadeiras peças fundamentais da nossa existência atual: passe o tempo que passar, são pessoas à frente de seu tempo, sempre.
     São pessoas que nos ensinam diariamente e a nós nos resta admirá-los em sua grandeza.
     Por isso o passado deve sempre ser mantido em evidência no presente com a recordação e memória daqueles nele viveram.
     Sem o passado que permite a construção do presente e que empurra o presente para o futuro, nada seríamos.
     Manter a memória pelos relatos, registros, vivências, arte, arquitetura, e pelos que passaram, pelos que continuam e por nós mesmos, é a mais rica forma de respeito pelo valor da vida que encontra seus caminhos nestas bases tão inexplicavelmente perfeitas e complexas.

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