Carlos Lotto
Nos dias 9 e 10/2/2012 realizou-se na USP Leste o I Encontro Paulista dos Pesquisadores da Cultura, através da Escola de Artes, Ciências e Humanidades e o Instituto Polis.
Recebi o convite através do Fórum Permanente de Debates Culturais do ABC e fui inscrito na mesa de Cidadania Cultural, entre as 36 mesas temáticas organizadas com os interessados em partilhar suas pesquisas. Levei meu trabalho com literatura com jovens em situação de risco social na Usina de Reciclagem de Papel de Santo Andre; com os dependentes químicos e psicóticos no CAPS SBC; e com os presos do CDP- Diadema.
Ainda que o caráter francamente acadêmico tenha predominado nas participações louvo o espírito democrático do evento que procurou contemplar a todos os interessados em dialogar com a Universidade, e o interesse da mesma em conhecer mais de perto o objeto de seus estudos: a produção cultural paulista e seus pesquisadores.
A Universidade, agora preparando gestores e produtores culturais, quer reconhecer os territórios e parceiros onde eles devem atuar e interpretar a realidade das comunidades na produção de conhecimentos. È claro que, no tempo acelerado da contemporaneidade, ao termino das pesquisas o objeto de estudo já se transformou; mas é fundamental que analisemos as “ações culturais” em suas variadas formas para que a luminosidade delas não se apague facilmente e se desdobre em outras luzes.
A Academia abrindo-se ao “periférico” da cultura pode ser ainda parceira na formulação de políticas publicas e mediar as interfaces culturais, tornando a todos nós melhores vizinhos. Entre antropólogos, sociólogos, professores e administradores culturais foi comum o conceito de multiplicar lugares de encontro, expandir o “sentir” mais do que o racionalizar, diversificar modelos, quebrar hierarquias, assumir conflitos e tensões construtivas, de “culturas estratégicas” como padrão de desenvolvimento, ações de choque, interpretar, incluir, educar, formar e gerar, tudo além das “patrulhas disciplinares”.
Para um primeiro encontro e no local do “túmulo do conhecimento” (segundo o Prof. Luiz Roberto Alves) já está de bom tamanho. Encerro com a citação da gerente de estudos do SESC SP, com Manoel de Barros: qual o percurso da palavra antes de chegar ao poema? (“as palavras se sujam de nós na viagem”). A Academia pode recolher amostras da água do rio, suas folhas e dejetos, construir pontes e aterros, mas fazer do rio o poema cabe a nós, militantes da cultura, os inesgotáveis navegantes e “fazedores de amanhecer”. Periférica e à margem é a Universidade, mas ela pode ser uma boa vizinha. Um feliz carnaval aos amigos do Fórum!
Santo André, 12/02/2012
Caros(as) amigos(as) do Fórum,
ResponderExcluirCompartilho da opinião de que o I Encontro Paulista de Pesquisadores da Cultura seja um ótimo exemplo de como a Universidade pode, e deve, estar a favor da cultura e do conhecimento e não apenas de protocolos, academicismos de diversos tipos e das necessidades do mercado. Mais uma vez, meus parabéns aos amigos(as) que contribuíram como esse momento.
Querido Carlos Lotto
ResponderExcluirsua participação no "vento" do encontro inspirou e movimentou o fazer cultural dentro e fora da universidade. Esta deve se abrir aos movimentos e grupos culturais que fazem e pesquisa nossa criação cultural.
valeu
Abraços a todos do abc
Caro Lotto, foi postado com o nome de meu filho, João, mas deve ser considerado em meu nome
ResponderExcluirvalmir