segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Chimamanda Adichie: para o reconhecimento da nossa humanidade compartilhada

Júlio Mendonça

    Chimamanda Adichie, escritora nigeriana, é uma dessas pessoas que, oriundas de um país de terceiro mundo herdeiro do fardo da colonização, tiveram a oportunidade de estudar nos países colonizadores (no caso dela, estudou nos EUA) e aprenderam, ali, a abrir novos caminhos para (re)contar as histórias de seu país de origem.



    Adicionamos, abaixo, o link para o vídeo de uma bela palestra de Chimamanda, na qual ela conta como, depois de ter despertado para a literatura por meio da leitura de autores ingleses e americanos, descobriu a literatura de autores africanos e, por meio dela, começou a repensar sua história e a de seu povo.
 
    Autores como Stuart Hall e Homi K. Bhabha escreveram centenas de páginas eruditas para desconstruir os discursos hegemônicos da história única; e (notem que eu não usei uma adversativa – neste caso, uma forma discursiva não é mais nem menos importante que a outra) a escritora nigeriana nos propõe essa des/re/construção de uma maneira simples e direta. Ao assistir a palestra, pensei no modo como muitos de nós, no Brasil, também contamos a história do povo do nordeste do país como uma “catástrofe”.
 
    Nesta época de festas de final de ano, quando buscamos renovar nossa esfarrapada esperança, acredito que a fala de Chimamanda é um alento, tanto mais porque ela é mais um exemplo de uma mudança que podemos observar: a multipolarização política e econômica, a maior circulação da informação, da comunicação, do pensamento e da criação – impulsionada, principalmente, pela disseminação do uso dos novos meios digitais – e o cansaço e a necessidade de revigoramento das culturas que, por bastante tempo, contaram a história humana a partir de um único ponto de vista.


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