Simone Massenzi Savordelli
De fato e diante da minha pouca experiência neste meio tão grandioso, complexo e empolgante que é a cultura, não me sinto a pessoa mais autorizada a discorrer sobre Pontos de Cultura. Mas, dentro de uma sinceridade de leiga observadora, me arrisco a trazer algumas reflexões sobre o tema, hoje corrente e carente. Corrente porque necessita de muita reflexão e de muita dedicação de todos os envolvidos e, carente porque necessita de ações para que o projeto não termine em mais um em busca de consertos.
O tema tem sido objeto de inúmeras reuniões do Fórum Permanente de Debates Culturais do Grande ABC, o que contribuiu para que eu pudesse iniciar algumas reflexões.
Faz parte desta reflexão, em pouquíssimas palavras, tentar exteriorizar que vejo os Pontos de Cultura exatamente nos moldes em que criados: projetos dedicados a fomentar ações e entidades já existentes, por um determinado tempo, para que adquiram meios de autonomia para subsistência posterior. Isso mesmo: os Pontos de Cultura devem ser efêmeros. Após o tempo de realização dos projetos inscritos neste sistema, as entidades participantes devem continuar suas ações independentemente dos Pontos de Cultura que foram a base das ações.
Para que seja possível a consecução deste objetivo, faz parte de toda esta sistemática a capacitação dos gestores dos Pontos de Cultura para que ganhem conhecimento e experiência suficientes para gerir a entidade, para irem em busca de recursos e para desenvolverem novos projetos capazes de participarem de outros tipos de ações governamentais, ou particulares.
Com estes conceitos, talvez não muito precisos, passo a refletir algumas questões que até têm respostas imediatas e convincentes, mas a pergunta que não quer calar é: o que, de fato, se faz para dar sustentabilidade aos Pontos de Cultura para que as entidades existentes antes deles, continuem existindo após eles?
E, em busca não das respostas, mas das ações em si, faço a reflexão em forma de perguntas.
Vale a pena impor tanta burocracia para uma gama de entidades mais preocupadas em conseguirem realizar suas ações, que fazer planilhas? Será que simplificar o procedimento de prestação de contas não geraria um meio mais eficaz de fiscalização e controle?
E a capacitação dos gestores? Palestras e seminários são suficientes, ou será que todos os procedimentos que devem ser atendidos acabam por exigir uma “profissionalização” dos gestores dos Pontos de Cultura?
Ter uma legislação bem específica e reguladora somente para os Pontos de Cultura poderia ser um meio de simplificar o entendimento sobre o procedimento?
Ainda com vistas à sustentabilidade, que tipo de ações o poder público pode fazer para incentivar que as entidades que se tornam Pontos de Cultura caminhem de forma autônoma após o término do Ponto de Cultura?
E se o projeto dos Pontos de Cultura, no lugar de gerar a sustentabilidade, acabar por criar uma situação de dependência, qual será a consequência para as entidades que participarem desta sistemática de promover ações culturais?
São algumas questões que não esgotam o assunto. E não poderia, até mesmo porque não sou autorizada e não me sinto autorizada a tal pretensão. Mas, são questões que, pertinentes ou não, têm apenas o objetivo de incentivar a discussão sobre o tema e de fazer com que as atenções passem a ser efetivamente “faladas” para que venham melhorias que possam garantir que os Pontos de Cultura sejam um grande impulso para tantos que precisam de um primeiro, ou de um segundo passo para a organização de sua estrutura em fazer projetos culturais e realizar ações culturais que possam beneficiar a sociedade que, no final, é quem deseja e merece que tudo dê certo!
Esperemos, cara Simone, que estas suas oportunas e bem vindas reflexões possam dar continuidade a uma debate que está a caminho e urge aprofundar.
ResponderExcluirdalila teles veras